Crítica – Alien: Covenant

Um Alien com gosto de Prometheus

A série Alien é um marco na história do cinema, seja para falar sobre terror espacial ou como uma série pode reinventar seu gênero conforme suas continuações. Além disso, nenhuma das sequências teve a presença de Ridley Scott até Prometheus, filme que buscava contar as origens desse universo em 2012. O filme não funcionou muito bem, tendo um roteiro com defeitos que iam desde cientistas que não pareciam levar seu trabalho muito a sério, até um visual sem inspiração para as criaturas que seriam as criadoras da Terra. Foi então que o diretor decidiu que era hora de voltar com sua criatura original, anunciando a produção de Alien: Covenant, um filme que resgataria o espírito da produção de 1979.

Alien: Covenant traz a história da nave Covenant, uma arca especial que está direcionada a um planeta que será colonizado pelos humanos. Após sofrer alguns danos por conta de uma tempestade iônica, a nave recebe uma transmissão vinda de um corpo celeste mais próximo, que também possui condições para proliferação da vida humana. O filme traz uma ótima aura de um thriller de ficção científica, com explicações satisfatórias sobre a possibilidade de realizar uma viagem espacial tão longa. Existe um compromisso com a veracidade científica, que é perdida no momento em que a tripulação da Covenant coloca os pés no planeta de a transmissão está vindo. Mesmo que os aparelhos tecnológicos de 2104 afirmem que o ambiente alienígena é habitável, uma equipe de ciências nunca desceria da nave sem um capacete de proteção, e é isso que o pessoal da Covenant faz. Entendo que é necessário para o avanço da trama, mas um pouquinho de veracidade seria de bom gosto.

Apesar dos materiais de divulgação mostrar que Alien: Covenant ser algo completamente diferente do irmão feio da série, o filme ainda traz um segundo ato que se foca em explicar o que aconteceu após Prometheus. Neste exato momento, o longa perde muito da tensão que havia sido construída até então, onde, como no filme original, a ameaça podia estar espreitando em todos os lugares. A parte boa disso é que ao menos Ridley Scott consegue fazer com que a narrativa que havia tentado contar em Prometheus chegue ao ponto que havia desejado, questionando as figuras de criador e criatura.

Alien: Covenant se propõe a contar uma história, mas depois de um tempo acaba terminando algo que havia ficado solto na série. Ao menos há muito do filme original, como a tensão quanto à presença do Xenomorfo, ou Alien como é conhecido popularmente. As cenas onde a criatura surge de dentro do corpo humano são grotescas e prestam uma excelente homenagem ao momento da mesa de jantar do filme de 79. No fim, Alien: Covenant é como a criatura que dá nome ao filme, porém ao invés de ser um híbrido poderoso, o filme nasce de uma mistura com algo que não agradou muito a crítica.

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.