Crítica – A Cura

O ‘Eu já sabia’ mais longo do cinema

O terror é criado pela tensão e pela curiosidade, são assim que são criados os sustos. Mesmo em thrillers, onde não existe a intenção de aterrorizar o espectador, instigar para que o espectador esteja inserido no mistério é essencial. Em ‘A Cura’, o mistério é criado, mas o roteiro também o entrega de bandeja antes da metade do filme.

O filme conta a história de um jovem acionista de Wall Street que deve ir até uma clínica nos Alpes suíços para trazer o CEO de sua empresa de volta. O homem parece ter sofrido um surto psicológico durante suas férias e cabe a Lockhart(Dane DeHaan) convencê-lo a retornar, para que a empresa possa fechar um acordo milionário. O problema começa quando o protagonista deve ficar nessa clínica que foi palco de uma tragédia no passado, e ainda é um tanto suspeita em seus métodos.

O problema de ‘A Cura’ está em criar uma arma de Chekhov muito óbvia desde seu início. Os personagens ficam repetindo qual é o grande mistério escondido por baixo da trama. O longa tenta disfarçar o roteiro óbvio em sequências de ilusões bizarras, que tem a intenção de chocar, mas acabam apenas embaralhando a percepção de certo acontecimentos da trama.

O ponto forte do filme é sem dúvidas sua fotografia, com cenas visualmente esquisitas e incômodas, mas que possuem certa beleza. Exemplo disso é a cena onde Hannah (Mia Goth) aparece dentro de uma banheira de enguias, que pode ser vista no trailer. Os atores conseguem entregar bem seus papéis, sendo até possível deixar de detestar o protagonista em certo momento.

Dentro dos longos 150 minutos de ‘A Cura’ é possível encontrar um filme que poderia ter sido muito melhor, se o diretor Gore Verbinski tivesse ousado cortar algumas cenas desnecessárias. ‘A Cura’ é uma experiência cansativa de roteiro fraco, onde é possível descobrir toda a resolução de seu mistério antes da metade do filme e ainda ter que esperar para que te conte tudo que você já descobriu.

‘A Cura’ está em cartaz nos cinemas.

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.