Crítica – Assassinato no Expresso do Oriente

Assassinato no Expresso do Oriente é baseado na obra de mesmo nome da escritora Agatha Christie

O filme segue o detetive Hercule Poirot (Kenneth Branagh), um cavalheiro simpático, portador de um bigode de dar inveja. No decorrer do filme, o espectador é confrontado junto a Poirot com uma questão muito importante: “Quem é o assassino do expresso do oriente?”. Dali em diante, começa a jornada do espectador e de Poirot para tentar determinar quem é o assassino. No filme, as coisas acontecem um pouco diferente do livro, e de certa forma pode-se dizer que Kenneth Branagh soube muito bem como adaptar a obra, tendo em vista que as pequenas mudanças que ele colocou foram substanciais para manter o filme interessante, e adicionar um pouco de contexto para certas coisas que no livro não faziam muito sentido.

Uma das coisas mais impressionantes sobre esse remake foi como Kenneth Branagh conseguiu adaptar o livro de Agatha Christie e a primeira adaptação de seu livro para o cinema em apenas uma obra, assim tornando Assassinato no Expresso do Oriente (2017) não apenas uma adaptação do livro de Christie, mas também um remake definitivo do filme original de 1974, que teve direção do lendário Sidney Lumet (O Veredito(1982), Sombras da Lei(1997)).

O filme coloca o espectador em uma posição em que Hercule Poirot se torna o compasso moral da história, e por muitas vezes acaba fazendo com que a gente se sinta instigado entre o que é certo ou errado. A atuação do carismático Kenneth Branagh deixa o espectador muitas vezes questionando seu próprio senso moral, uma vez que Hercule mesmo que caricato, seja um personagem tão vivo, que acaba muitas vezes instigando e fazendo você questionar a si mesmo enquanto assiste.

A atuação é definitivamente algo que vale ser mencionado. Kenneth Branagh dirigiu os personagens de maneira que eles ficassem um pouco caricatos, o que muitas vezes rendeu cenas com atuações duvidosas, mas isso não impediu os atores de terem seus momentos. Absolutamente todo o elenco é impecável. O filme é construído de maneira que todos os personagens vão ter seus momentos e todos eles vão te transmitir um carisma. Não tem como você falar que não gostou de um dos personagens. É simplesmente impossível, especialmente porque eles tem personalidades bem distintas e todos eles tem uma moral bem neutra.

O destaque fica por conta da belíssima e eterna Michelle Pfeifer, que interpreta Caroline Hubbard, e passa quase que o filme todo quietinha, mas no final rouba a cena com o que é uma das cenas mais bem executadas que já vi.

A ambientação é magnifica, com efeitos especiais lindos e cenários extremamente vivos. A trilha sonora trás clássicos como “Any Old Time” de Billie Holiday, e Merry-Go-Round de Duke Ellington, algo que para os entusiastas de música também acaba caindo como uma luva, e ajudando a se sentir ainda mais imerso no filme. É uma obra de encher os olhos e os ouvidos.

No geral, é um filme extremamente agradável, mas diversas vezes algumas atuações forçadas e caricatas demais somadas ao clima lento do filme, acabavam por causar um certo desconforto, que felizmente algumas vezes era quebrado por alguma descoberta do Detetive Poirot.

Se você deve ir ver? Sim, mas apenas se gosta do gênero “Thriller”. Não espere um filme repleto de ação e explosões.

Texto por Bruno Shepard