Crítica – Um Lugar Silencioso

Terceiro filme de John Krasinski como diretor surpreende

Um futuro pós-apocalíptico, uma fazenda, um milharal, seres desconhecidos à espreita e uma família tentando sobreviver. Nada de inovador até aqui, certo? Bom, pense de novo.

Dirigido pelo ator John Krasinski, Um Lugar Silencioso é um filme que mexe com os sentidos, literalmente. Muito elogiado nos festivais internacionais, o longa nos introduz a uma família que, à primeira vista, parece comum. Em seguida, percebemos que a comunicação entre eles é feita apenas pela linguagem de sinais e é nesse momento que somos absorvidos pela atmosfera de terror e tensão.

Invasores desconhecidos e violentos acabaram com a Terra como a conhecemos e a única coisa que se sabe é que são seres cegos, porém, extremamente sensíveis ao som. Portanto, a regra aqui é simples: Fique em silêncio e viva outro dia, faça barulho e morra.

A família Abbot, já bem acostumada a lidar com o silêncio e com a linguagem de sinais graças a sua filha surda Regan (Millicent Simmonds, que é deficiente auditiva), faz o possível para sobreviver em uma pacata fazenda.

O filme é completamente focado no silêncio, fazendo com que o espectador fique sempre alerta e apreensivo mesmo com os menores e mais banais ruídos, como o barulho do rio ou uma canção, criando uma tensão psicológica surpreendente. Os movimentos são cuidadosamente calculados e, quando há a mínima falta de cautela, seja em um passo ou até mesmo em uma mastigada mais ruidosa durante o jantar, ficamos apreensivos, pois pode significar a morte.

O silêncio presente não favorece apenas um ambiente de terror e tensão constantes, mas também destaca as atuações e sentimentos dos personagens. Lee (John Krasinski) e sua esposa Evelyn (Emily Blunt) precisam lidar com a constante pressão de manter sua família segura, de tentar conseguir uma nova antena para o implante coclear de Regan, administrar uma gravidez e ainda se preocupar com monstros à espreita. Todas essas aflições, preocupações e culpa são claramente passadas, de forma muito intensa, apenas pelas suas expressões e linguagem corporais. Muito mais do que se houvesse de fato o uso de palavras, arrisco dizer.  As atuações estão impecáveis, mas os grandes destaques vão para Millicent Simmonds, que está brilhante em cada cena, e Emily Blunt que se mostra, mais uma vez, uma atriz fenomenal.

Um Lugar Silencioso é uma agradável brisa de ar fresco no quesito terror. Krasinski se arriscou de forma muito certeira, proporcionando uma experiência envolvente, cheia de tensões e sustos muito bem-vindos. O longa tem estréia marcada para o dia 5 de abril.

Texto por Louise Minski