Review – Life is Strange: Wavelenghts
Life is Strange: Wavelenghts aprofunda o lado menos sobrenatural da série
Parte integral de toda a franquia Life is Strange, a música independente é um dos elementos centrais de Life is Strange: True Colors — que, pela primeira vez na série, traz em sua trilha sonora alguns artistas mais conhecidos pelo grande público, como os Kings of Leon. No game, a presença de tantos artistas é, em partes, resultado da inclusão da uma rádio local comandada por Steph, personagem secundário que ganha o protagonismo no DLC Life is Strange: Wavelenghts.
Se o jogo principal nos apresenta uma espécie de história de detetive com elementos sobrenaturais, Wavelenghts é uma trama muito mais pessoal. Recém-chegada à cidade de Haven Springs, Steph precisa aprender na prática como é ser uma boa DJ (talvez ela tenha mentido um pouco para conseguir o emprego) e a cuidar de uma loja de discos, bem como de suas próprias emoções.
Embora o DLC seja um capítulo menor e totalmente dispensável para aproveitar o game principal, ele traz a responsabilidade de fazer a ligação entre True Colors e os eventos retratados no primeiro Life is Strange e no capítulo Before the Storm. Personagens como Chloe e Max não estão fisicamente presentes aqui, mas é possível sentir sua influência nas decisões de Steph e em alguns de seus comportamentos — é ela a responsável por mostrar aos jogadores que a tragédia de Arcadia Bay é real, e deixou efeitos que vão além do que vimos nos games anteriores.
Todos os conflitos e mudanças pelas quais a personagem passa são mostradas de forma visual em um ambiente limitado. Wavelenghts nos restringe a explorar somente a estação de rádio/loja de discos de Haven Springs, que se transforma conforme há a passagem das quatro estações.
Além da bela narrativa visual — que mostra bem como Steph transforma o espaço e dá a ele sua cara —, a desenvolvedora Deck Nine também conta tudo o que acontece na forma de textos recebidos e enviados pela protagonista. Além dos e-mails e mensagens trocados com a população local, a protagonista também pode fazer novos contatos através de uma espécie de Tinder: cada match traz uma linha narrativa própria, que, embora muitas vezes seja desenvolvida somente nas entrelinhas, pode resultar na aparição de mais itens dentro do ambiente com o qual o jogador pode interagir (como uma lembrança de um show, por exemplo).
Narrativa é o ponto forte
Embora as decisões narrativas da Deck Nine funcionem, ainda assim senti falta da presença física de mais personagens e da possibilidade de poder explorar novos espaços. Restrita a um espaço pequeno e sempre dependendo do comprimento de uma lista semelhante de tarefas para que a história vá pela frente, o jogo começa a ficar repetitivo e previsível em seus aspectos mecânicos com certa rapidez, mesmo se tratando de um DLC com pouca duração.
Felizmente, do aspecto narrativa, Life is Strange: Wavelenghts traz grandes acertos, especialmente durante seu terceiro ato. No entanto, para aproveitar esse ponto alto é indispensável ter uma experiência anterior com os jogos da série, para conseguir entender os sentimentos de Steph e o peso que acontecimentos do passado trouxeram sobre ela — coincidentemente, os mesmos que o jogador teve que enfrentar por conta própria.
Fazendo a ligação narrativa entre Life is Strange: True Colors e os capítulos anteriores da série, Wavelenghts é uma experiência interessante que dá mais espaço para uma das melhores personagens do jogo mais recente, além de trazer uma visão mais “normal” para um universo tão centrado no sobrenatural. Caso você já seja um fã de longa data da franquia, vale muito a pena explorar mais esse pequeno pedaço de seu universo.
NOTA: 7,5 de cinco roladas de dados