Crítica – Liga da Justiça

Liga da Justiça traz para as telonas os heróis da DC em uma aventura repleta de ação, mas com pouco sentido

Os filmes da DC para o cinema sempre deixaram com essa impressão de que faltava algo. Uma impressão de que tudo era muito feito às pressas, faltava desenvolvimento de personagens e planejamento. É quase como se a DC tivesse tentando em menos de 5 anos, se igualar aos mais de 10 anos de filmes lançados que a Marvel tem. Liga da Justiça fica ali, lado à lado com Batman vs Superman. E tudo fica ainda mais complicado quando o lançamento do filme ocorreu logo depois do filme incrível da Mulher-Maravilha.

Roteiro

Fica até mesmo difícil de considerar Liga da Justiça uma adaptação, quando se leva em consideração que o objetivo de uma adaptação é pegar material de origem e adaptar para outra mídia. Esse filme não tem absolutamente quase que nada dos anos de material incrível da DC.

Aqui você vai ver:

-Um Batman que age feito o Tony Stark

-Um Flash que age feito o Homem Aranha

-Um Aquaman que age feito o Thor

-Um Superman que serve como Capitão America para o Batman

É quase como se a DC tivesse decidido espelhar seus heróis nos heróis mais populares dos filmes da Marvel, ao invés de simplesmente adaptar o que eles já tinham de melhor em seus quadrinhos. Isso vai fazer os adeptos dos quadrinhos, se sentirem estranho ao ver Barry Allen, que é conhecido por ser a lenda da Speedforce, agindo feito um adolescente inexperiente que só fala besteira. E um Bruce Wayne que usa sua conta bancaria como argumentos. Bruce aqui virou o “ricaço babaca e charmoso” e isso é incontestável logo no começo do filme.

Não é novidade que o relacionamento de Bruce e Barry sempre foi muito próximo, porém isso se dava ao fato de que ambos eram excelentes detetives, e tinham muito em comum. Aqui nada disso existe pois mudaram a história do Barry e ele nem sequer é um cientista forense pra começo de conversa. O filme sofre dos mesmos problemas que “Batman vs Superman”, onde faltava contexto para algumas coisas, e tudo simplesmente parecia ser feito às pressas e sem planejamento algum. Prova disso é o fato que temos um filme da Liga da Justiça, mas ainda não temos um filme do Flash, Aquaman e do Cyborg.

O roteiro do filme é corrido e falta contexto, porém tem seus momentos. No geral as batalhas e cenas de luta são muito bem executadas, todas sem o tão odiado efeito da câmera tremendo e com um roteiro impecável. Esse que faz o Flash roubar o filme quase que todo para ele.

Uma das coisas que mais incomodam no filme quanto ao roteiro, foi que enquanto o Bruce e a Diana tentavam formar a Liga da Justiça, rolou um doce por parte do Cyborg e do Aquaman, que levou cerca de 30 minutos para se desenrolar, até eles decidirem que iriam unir as forças com o Batman e com a Mulher-Maravilha. Foram Trinta minutos que poderiam ter usado dando mais contexto para o Aquaman e para o Flash. Trinta minutos que poderiam ser mais focados em outras coisas que realmente agregassem ao filme, mas optaram por usar de maneira amadora para enrolar o espectador.

Efeitos Visuais

Os efeitos visuais por outro lado, tem seus altos e baixos. Durante diversos momentos a qualidade fica extremamente baixa, e da para perceber um efeito emborrachado que deixa evidente que você está olhando para um dublê digital. Existe também uma cena onde a Diana vai se encontrar com o Cyborg, e o lugar onde eles estão é o fundo verde mais óbvio que já vi em um filme.

Já Steppenwolf, que era inteiro digitalizado ficou simplesmente impecável, e em muitos momentos chega a parecer coisa de practical effects.

Uma das coisas que mais me irritou em relação aos efeitos especiais foram os rastros elétricos do Flash serem azuis ao invés do tradicional “amarelo alaranjado”. É algo extremamente simples mas que tem toda um contexto por trás, e para quem não é fã do Flash pode até passar desapercebido, mas nos olhos de quem acompanha o herói, é de doer os olhos.

Considerações Finais

Uma adaptação não precisa ser necessariamente 100% fiel aos quadrinhos para ser algo bom. Ela precisa ser bem escrita e bem planejada, algo que a DC não parece ter feito muito bem nos últimos anos.

Se pegarmos os filmes da Marvel como exemplo, percebe-se que eles não seguem o material dos quadrinhos em 100%, mas não distorcem a personalidade de seus personagens. E ainda fazem um filme que é agradável de assistir tanto para os leitores dos quadrinhos quanto para o público que só está indo ali para ver um filme de ação que seja legal e divertido, e as crianças que amam super-heróis.

Liga da Justiça falha em entregar tudo isso. O que temos aqui é um filme confuso e desconexo, que claramente foi feito as pressas para que a DC pudesse ter uma IP do mesmo nível de “Vingadores” nas telonas o mais rápido possível. Inclusive, em diversos momentos fica evidente que “Vingadores” foi fortemente usado como material de referência, o que torna o filme ainda menos original.

Se você decidir ir assistir o filme, existem duas cenas pós-crédito. Uma que é uma referencia aos quadrinhos envolvendo o Flash e o Superman, e uma outra que é o anuncio oficial de um dos novos filmes da DC.

Já deixo avisado que você com certeza vai sair do cinema cantando “Come Together” quando o filme terminar.

Texto feito por Bruno Shepard