Crítica – Dominação (Incarnate)

De boas ideias, o inferno está cheio

Após a grande febre do universo de zumbis na cultura pop, agora talvez seja a vez da possessão demoníaca estar nos holofotes. É claro que o cinema de terror já aproveitava desta temática muito antes de séries como Outcast e The Exorcist levarem o assunto para um público maior, mas o assunto para ter pego o interesse dos fãs. Dominação (Incarnate) traz um ponto de vista diferente sobre as forças infernais tomando conta do corpo de humanos.

O filme é protagonizado por Aaron Eckhart (Batman: O Cavaleiro das Trevas), ele vive Dr. Ember, um homem com a capacidade de entrar na mente de pessoas possuídas e expulsar as entidades de dentro da mente. Essa é uma da ótimas ideias que o longa demonstra logo em seu início, tornando a trama uma mistura de Exorcista com Inception. Voltando a sinopse, Dr. Ember se depara com uma das entidades mais poderosas que já teve que lidar que se apossou do corpo de uma garoto de 12 anos, vivido por David Mazouz (Gotham).

Como havia dito, a trama transforma a possessão demoníaca em algo menos místico e um pouco mais científico. Ainda existe o sobrenatural por trás de todas as questões, mas existe uma tentativa de tornar um pouco mais real. Outro ponto forte de Dominação é como ele tenta desvencilhar a questão dos demônios tomarem conta de um humano com a religião católica, explicando que isso é algo que acontece em todas as religiões.

Porém boas ideias nem sempre fazem um filme muito bom e o longa tem muitos problemas. Primeiro que, para os fãs de terror será um pequena decepção, pois ele falha em tentar dar medo. Aos que leram o livro de ‘O Exorcista’, em alguns momentos é mais sobre o sofrimento da mãe (vivida pela atriz Carice van Houten de Game of Thrones) do que um longa de terror em si. Outro problema é a maneira com que os personagens falam de demônios, como se eles estivessem falando de animais catalogados ao invés de criatura infernais. Isso destoa completamente do conceito científico de invadir a mente do possuído para que ele mesmo tome consciência do problema.

Dominação traz uma boa ideia, mas peca na execução do roteiro. Alguns diálogos parecem bobos quando proferidos por atores bons como os presentes no filme. Talvez todo o conceito pudesse acabar gerando uma série de TV divertida, onde haveria tempo para explorar todas as possibilidades e diferentes possessões. E para terminar, o filme ainda se agarra a um gancho para uma possível sequência, que era tão previsível quanto a resolução dos conflitos.

Dominação estreia no dia 12 de janeiro.

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.