Review – Call of Duty: Infinite Warfare

O clichê nem sempre funciona bem

Esse ano foi bem produtivo para o gênero dos FPS’s. Em anos anteriores, onde as opções ficam principalmente focadas em duas escolhas de títulos, em 2016 foi possível disparar com diversas armas diferentes, em diversos games. Isso foi um bem problemático para Call of Duty: Infinite Warfare, sua concorrência fez com que esse jogo não chegasse em um bom momento. Vamos deixar de lado a questão do trailer, que recebeu uma enxurrada de dislikes no Youtube, e focar apenas no produto final.

Você não serve para nada, Jon Snow

O modo campanha da franquia ‘Warfare’ de Call of Duty sempre tem um ótimo polimento. Em 2007, com Modern Warfare, essa história ofereceu momentos que ficariam marcados na mente de muito jogadores ao redor do mundo. É impossível esquecer a cena da explosão nuclear ou a missão ‘No Russian’ em Modern Warfare 2. Em Advanced Warfare, apesar a história com alguns clichês de filmes de guerra, foi impossível não ficar maravilhado com o personagem de Kevin Spacey.

Em Call of Duty: Infinite Warfare foi a vez de Kit Harrington, o Jon Snow de Game of Thrones, ser colocado como o antagonista. O game acontece em um futuro onde os humanos conseguem viajar rapidamente para outras partes da galáxia. Como em outras tramas de colonização espacial, a Terra está com seus recursos naturais esgotados e foi necessário colonizar Marte para continuar vivendo. O problema começa quando Salen Kotch(Kit Harrington), o líder de um exército rebelde de humanos nascidos no planeta vermelho, decide que os terráqueos estão com privilégios em excesso. O jogador tem controle do comandante Nick Reyes, que recebe o cargo após um ataque terrorista dos nascidos em Marte. A narrativa segue por uma série de momentos que tentam emular as emoções de um filme de guerra, porém os personagens não são marcantes o suficiente para que haja uma afeição por eles. De todos os companheiros de Reyes, Ethan é sem dúvidas o mais carismático, e ele é um robô de combate.

A melhor parte da campanha é o combate em naves espaciais. Ainda que a mecânica seja simples, e não consiga sustentar um jogo por si só, sair voando em alta velocidade no espaço, enquanto atira em outros transportes galáticos igualmente rápido, traz uma boa quebra ao padrão do jogo. O final é anticlimático, com Salen Kotch sendo derrotado com um quick time event, deixando a desejar por um momento mais glorioso. No fim, o Jon Snow do mal não serve para muita coisa.

Corre, corre e atira  

O modo multiplayer de Call of Duty sempre trouxe algo mais rápido do que seus concorrentes. Mesmo em jogos de capturar bandeira ou até mesmo Team Deathmatch, o espírito de equipe não estava presente. Em Call of Duty: Infinite Warfare isso não é diferente, a mecânica de correr por arenas pequenas e disparar no momento certo permanece. Enfrentar um adversário no multiplayer é quase como um susto, aquele disparar primeiro, como uma reação instantânea.  Entrar em um combate com é bom ter certeza de atirar primeiro, pois não há como escapar quando leva o primeiro tiro.

Ao contrário de outros multiplayers, há possibilidades mais estratégicas de entrar em um tiroteio. Outra mudança é o sistema de loadouts das armas, que tem semelhanças com Advanced Warfare. Os perks perderam sua importância, colocando armas especiais como a recompensa após ganhar pontos na partida. Esse método é ruim, afinal quando dá a sorte de poder utilizar sua habilidade especial, é possível tomar um tiro nas costas e perder todo seu progresso na partida. Como dito anteriormente, ao comparar o multiplayer de Call of Duty com de outros que apareceram essa ano, Infinite Warfare tem um modo padronizado que não propicia muitas horas de diversão.

Considerações finais 

Outra feature de Call of Duty: Infinite Warfare é o modo zumbi. Dessa vez a história se passa em um Arcade os anos 80, com 4 arquétipos dessa época como personagens. Não há muita novidade, além de David Hasselhoff, ficando parecido com os antecessores. Ainda dá para ficar frustrado após passar 5 níveis e morrer, tendo que voltar tudo do início. Essa jogabilidade deveria ser um pouco menos punitiva, liberando um sistema de vida ou checkpoint, tornando a experiência menos frustrante. No fim, essa é única experiência genuinamente cooperativa em games da franquia.

Call of Duty: Infinite Warfare se perdeu demais em seu caminho para o espaço, mas sua mania de continuar seguindo um padrão de jogabilidade. A gama de opções de FPS’s de 2016 faz com que o game pareça chato e maçante, dificilmente desperta o interesse. O grande triunfo é sem dúvidas poder desfrutar de Call of Duty: Modern Warfare Remastered em todos os seus sentidos, seja no multiplayer ou para relembrar sua campanha.

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.