A obra Ghost in the Shell e o livro perfeito para os fãs

Uma visão geral de um dos marcos do Cyberpunk

Apesar de William Gibson ser um dos precursores do gênero Cyberpunk com sua obra Neuromancer, títulos posteriores se apossaram da temática e se transformaram em clássicos do gênero. Em 1989, Masamune Shirow publicava Ghost in the Shell, um dos expoentes japoneses deste futuro distópico. De lá para cá foram diversas adaptações contando sobre a vida da major Motoko Kusanagi e este ambiente de androides, cérebros positrônicos e discussões sobre a definição da consciência humana. Para comemorar esta obra, a JBC lançou Ghost in the Shell: The Perfect Book, que aborda detalhadamente cada diferente versão do mangá de Shirow.

A obra original e o primeiro longa-metragem

Ao contrário do que muitos pensam o mangá original de Ghost in the Shell é muito diferente da obra sóbria e cheia de questionamentos que o primeiro filme trouxe. A versão em quadrinhos da história de Masamune Shirow apresenta muitos dos clichês de mangás, como o humor em “chibi” (versões diminutas e caricatas dos personagens) e uma sexualização da figura de Motoko. Porém os elementos desse futuro distópico, onde humanos conseguem entrar mentalmente na rede de computadores. Já em 1995, é lançado o filme homônimo, que muitos acreditam ser o material original da franquia. O longa-metragem possui um tom contemplativo, colocando o espectador em uma posição de análise sobre a psique humana quando confrontada por inteligências artificiais muito avançadas. Os questionamentos levantados em Ghost in the Shell, de 1995, são abordados em todas as outras adaptações da série, com divagações sobre o que faz a consciência humana ser o que é ou sobre a diminuição da humanidade quando o cérebro é colocado em um corpo artificial, discussão essa que gera o nome de toda a obra.

Séries animadas

Antes de Black Mirror abordar as diversas facetas de problemas relacionados à tecnologia, o anime de Ghost in the Shell, denominado Stand Alone Complex, já abordava diversas dessas questões. A série mostra um pouco mais da vida das pessoas neste futuro onde grande parte das pessoas tem corpos robóticos. O primeiro episódio, por exemplo, serviu como base para criar a primeira cena do filme em Live-Action, lançado em 2017. Os capítulos de Stand Alone Complex se dividem em duas características principais, os que são Stand Alone, que são antologias deste mundo, e os episódios Complex, que contam a saga do setor 9 contra uma figura conhecida como “O Homem Sorridente”, um ciberterrorista que monitora as pessoas por seus sentidos. O caso tem impacto na segunda temporada do anime, mesmo sendo resolvido ao final de Stand Alone Complex.

Live-action e o futuro da série

Após uma produção cercado por polêmicas, a adaptação de Ghost in the Shell chegou aos cinemas. No fim, o filme se provou ser uma adaptação sem muita inspiração, utilizando pouco do mundo habitado por Motoko Kusanagi. Visualmente, A Vigilante do Amanhã, ainda é primoroso, porém seu roteiro se perde em uma série de clichês para mastigar as complexidades da série para o grande público. Por outro lado, a trilogia de filmes animados Arise continua expandindo este universo futurista.

No fim, Ghost in the Shell é um obra obrigatória para aqueles que desejam conhecer mais sobre cyberpunk. Suas influências são inimagináveis, mesmo após anos do lançamento. Caso queira uma abordagem completa, o ideal é procurar pelo Ghost in the Shell: The Perfect Book da JBC. A publicação conta com 160 páginas de informações, infográficos e explicações sobre cada momento da saga da major Motoko Kusanagi. A editora também publicou o mangá original completo, para aqueles que desejam começar da maneira correta.

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.