Folheando – Fire Force

Você sabe bem o que Faustão diria sobre este mangá

Para os fãs de mangá shonnen, a capa de Fire Force já entrega muita coisa. O garoto vestido de bombeiro tem um sorriso muito parecido com Soul de Soul Eater. Isto porque ambas as obras são escritas por Atsushi Okubo. A escolha da Panini de trazer a obra para o Brasil lembra o Boom dos mangás por aqui, quando diversas obras menos conhecidos eram publicadas por aqui. Quando usar a internet não era tão presente, este era a melhor maneira de conhecer novos títulos.

Fire Force apresenta um mundo onde a combustão humana espontânea virou um grande problema para a sociedade. O fenômeno acontece quando a alma das pessoas se torna um flamejante, uma especie de criatura maligna que faz com que o corpo se consuma em chamas. No meio deste cenário, algumas pessoas nasceram com a habilidade gerar fogo e outro que podem controla-lo. O protagonista, Shinra Kusakabe, pode fazer chamas com os pés, o que sempre destrói sapatos, porém lhe garante habilidades que o farão entrar para o corpo de bombeiros e proteger as pessoas dos espíritos malignos.

Assim como em Soul Eater, é interessante como Okubo traz para Fire Force um tema sobre espiritualidade. Nesta obra, o autor cria toda uma mitologia própria de como as almas nascem do fogo e elas voltam para o fogo. Em Fire Force, a temática de como a religião lida com estes fenômenos é explorado muito bem. O Deus do Sol é cultuado na realidade que foi estabelecida, fazendo com que as almas tenham que voltar para o Fogo Eterno. A visão disto pode ser muito destoante em visões judaico-cristãs em que o inferno é este lugar em chamas.

A estrutura de shonnes de Fire Force é acelerada, em relação à outros mangás. Na edição da Panini, que é igual ao formato tankobon japonês, logo nos cinco primeiros capítulos já temos a apresentação da rivalidade e de um torneio que colocará o protagonista diante de pessoas com habilidades superiores a dele. Este é um elemento comum, como o exame chuunin de Naruto, porém, aparece em capítulos mais avançados. Outro problema é que esta obra de Okubo usa muito da sexualização das duas únicas personagens femininas que aparecem. Estes momentos são completamente desnecessárias e não acrescentam nada para a trama.

Fire Force é um shonnen sobrenatural divertido, mas que precisa de um pouco mais de credibilidade no mundo fantástico que apresenta. A edição bimestral da Panini faz com que o leitor tenha um bom tempo pensar se vai prosseguir com esta coleção que tem 14 volumes já lançados no Japão e parece longe de acabar.

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.