Crítica – Mulher-Maravilha

A Warner e a DC Comics fazem ótimo filme com o resgate de um clima otimista

A densidade dos filmes DC Comics é sempre alvo de comentários quando estreiam. Desde quando Christopher Nolan colocou sua visão realista sobre o Batman, todo o universo cinematográfico dos filmes de herói da Warner se moldaram desta maneira. Tudo deveria ser realista, tentando tornar o mundo dos ícones da DC Comics algo crível. Porém Mulher-Maravilha chegou para mostrar que os ventos da mudança parecem querer tomar outro rumo para estas figuras. E vou te falar que esses ventos são tão bons quanto a leve brisa da manhã.


Mulher-Maravilha traz a história de Diana, a princesa amazona de Themyscira. Após serem afastadas da humanidade por anos, o mundo dessas guerreiras colide com o mundo humano quando o capitão Steve Trevor consegue atravessar a névoa que separa as realidades. Ele traz notícias sobre uma guerra para terminar todas as guerras, que parece estar ligada com o Deus da Guerra, Ares. Cabe a Diana, viajar para esta realidade desconhecida e confrontar a divindade inimiga das amazonas. A escolha da primeira guerra mundial como momento histórico em que o filme se passa foi um grande acerto. Afinal, esta foi uma época onde além do conflito mundial, mulheres lutavam para poder ter seus direitos e não há nada melhor para fazer crítica ou situar uma das figuras femininas mais importantes da cultura pop do que em tempos de luta por direitos.  O filme não levanta nenhuma bandeira de lutas atuais, mas ele cutuca e tem uma certa acidez nas piadas ligadas ao assunto. Em muitos momentos, o humor é gerado por Diana expondo o ridículo da sociedade patriarcal e como homens tem um ego fragilmente inflado.

O roteiro de Mulher-Maravilha é simples, sem tentar colocar uma série de tramas emaranhadas, como em Batman Vs Superman. A história segue do ponto inicial ao ponto final como planejada e existem poucas surpresas  no decorrer disto. Falando desta maneira, parece algo ruim, mas na realidade é um dos maiores méritos do filme. Ao longo de cerca de duas horas e meia de filme não espaço para cansaço, os personagens são figura complexas, dos quais é muito difícil não se importar pelo menos um pouco. Apesar de tom ser mais tranquilo que outros longas da DC Comics, Mulher-Maravilha ainda consegue retratar muito bem os horrores da guerra e como ela afeta todas as pessoas ligadas ao conflito.

A ação de Mulher-Maravilha é incrível e traz muito do estilo de Zack Snyder dirigir esse tipo de cena. Esses momentos são bem construídos, deixando o espectador empolgado logo no primeiro momento. A cena onde Diana atravessa a terra de ninguém, espaço entre as trincheiras, é revigorante e maravilhoso, e tudo tem início com uma certa brincadeira de palavras que afirma que “nenhum homem pode atravessar”.

Em seus quadrinhos, a Marvel sempre contou histórias de pessoas comuns que viravam super-heróis, mas a DC Comics criou ícones. Mulher-Maravilha é a Warner e a DC Comics mostrando como fazer o filme de uma das maiores figuras dos quadrinhos e tornando-a um ícone. O filme garante uma ótima diversão e mostra que há muito ainda que este universo cinematográfico pode apresentar nos cinemas.

Kaio Augusto

Uma pilha gigante de referências. Perdido entre produções orientais e ocidentais, seja nos games, música,literatura, cinema ou quadrinhos. Gasta horas pensando em aventuras de RPG de mesa, teorias malucas ou apenas o que fazer em seguida.