Crítica – Death Note: Light Up the New World

O legado deixado por Light Yagami

No mês de lançamento do filme baseado no famoso mangá de Ohba e Obata na Netflix, também temos o lançamento no ocidente do quarto filme da franquia em live-action pela Nikkatsu studios e Django Films, que acaba ficando de certa forma obscuro devido ao lançamento da versão do famoso serviço de streaming. O filme é continuação direta dos acontecimentos dos filmes anteriores, baseados no limite da fidelidade no mangá, com algumas alterações envolvendo o segundo arco da obra.

Alerta de spoiler!: Não será possível continuar sem citar os acontecimentos dos filmes anteriores.

Death Note: Light Up the New World se passa 10 anos após a morte de Light Yagami (Kira) e o detetive L, o rei dos shinigamis (deuses da morte), admirado pelos feitos de Kira, pode aos shinigamis que procurem por um substituto, assim jogando seis Death Notes na terra para humanos tomarem posse. Assim possibilitando a ascenção de um/uma novo/nova Kira. É estabelecido um time policial em caça ao Kira e aos Death Notes pelo veterano Matsuda (Sota Ayoama), o jovem Mishima (Masahiro Higashide) junto com o sucessor de L (Sosuke Ikematsu).

O filme acima de tudo, respeita o clima, visual e personagens da história original (tendo a volta de alguns deles, Misa Amane [Erika Toda]), Ryuk (Nakamura Shidõ II e Matsuda) e tenta a partir disso construir a própria história de forma a referenciar constantemente os acontecimentos passados. Isso tem algumas vantagens, o filme é familiar, a história é familiar e a briga de gato e rato é nostálgica, porém também temos algumas desvantagens, o filme não caminha tanto com as próprias pernas, tendo situações muito iguais ao que já aconteceu, o filme também, ao estabelecer um/uma Kira novo/a e um novo L acaba perdendo um pouco da força dos personagens que não são tão charmosos quanto os originais.

O plot é imersivo o suficiente para dar interesse em continuar vendo o filme, mas não imersivo o suficiente para notar que o filme é mais longo do que deveria, podendo muito bem ter de 10 a 15 minutos a menos, porém funciona, as reviravoltas dão certo e o filme consegue se renovar algumas vezes.

O filme é visualmente lindo e bem estável, com shots simétricos e uma ótima seleção de cores, também tendo uma edição que gera suspense (em algumas vezes esperamos até jump-scares de tão tenso que o clima fica). A direção tem um trabalho muito bom em mostrar algumas das mortes, que não são gráficas mas são muito fortes, tudo isso junto com uma trilha sonora orquestrada intensa

Outro detalhe de se tirar o chapéu, são os shinigamis, os detalhes são fantásticos, e isso inclui o famoso Ryuk, que está mais “lindo” do que nunca com um trabalho de voz excepcional do dublador original.

Apesar do excesso de personagens, temos alguns personagens ótimos, além de Mishima e de L o filme também tem como foco o hacker Shien (Masaki Suda), que gera o equilíbrio entre Mishima e L. De resto existem personagens que não afetariam o funcionamento do filme. Apesar de o plot ter focos bem trabalhados, o fato de serem seis Death Notes torna as coisas meio confusas, quem está com qual, onde e qual o shinigami, quem usou qual e etc, principalmente no ato final onde existem muitos diálogos focados na posse dos cadernos.

Outro problema é o segundo ato, que é muito corrido e do nada desacelera, criando um ritmo instável as vezes, com uma conclusão de certa forma, fraca para tudo que o filme construiu, mas isso não interfere tanto, o que interfere provavelmente, é o debate de ética que o filme deixa de trazer em comparação ao mangá/anime, sobre matar ou deixar de matar, apesar da justiça do filme considerar errado, o filme nunca chega num nível de expressar quem é herói e quem não é, diferente do material de origem, aonde os lados são bem definidos.

Death Note – Light Up the New World é, apesar de não tão consistente quando o material de origem, um filme que pode entreter bastante, com respeito ao Kira e L originais e seus feitos, que serve muito bem de um “quero mais” para quem gosta muito da série.

O FILME SERÁ EXIBIDO NO DIA 2 DE AGOSTO PELO CINEMARK EM DIVERSOS LOCAIS, CONFIRA AS PROGRAMAÇÕES!

Texto por Gustavo Chagas